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CÁLCULO DA PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA – FUNDAMENTOS E ANÁLISE (PARTE 3)
Nesta terceira parte do estudo sobre cálculo de perda de carga, o foco está em compreender os métodos para determinação da perda de carga distribuída, isto é, aquela que ocorre ao longo de um trecho do conduto, e não em pontos específicos.
A perda de carga pode ser classificada em dois tipos:
Distribuída (HF): ocorre ao longo do comprimento da tubulação.
Localizada: ocorre em trechos pontuais como curvas, válvulas, entradas e saídas de tubos.
A perda distribuída é consequência do atrito contínuo entre o fluido e as paredes internas do conduto. Já a localizada está associada a mudanças de direção, de seção ou perturbações no escoamento.
Para entender e calcular a perda de carga distribuída, diversas hipóteses simplificadoras são adotadas:
Regime de escoamento permanente.
Fluido incompressível.
Conduto longo, com seção constante.
Regime dinamicamente estabelecido (perfil de velocidade já definido).
Conduto cilíndrico (tubo).
Sem presença de máquinas no trecho analisado.
Rugosidade uniforme.
Com isso, é possível aplicar a equação da energia entre dois pontos para determinar a perda de carga:
HF₁₂ = H₁ – H₂
Onde H é a altura de energia em cada ponto, composta por:
Energia de pressão: P / γ
Energia cinética: v² / (2g)
Energia potencial: z
Essa abordagem é útil apenas quando o sistema já está instalado, pois exige medições de pressão e vazão reais. Para projetos, são necessárias outras abordagens.
Outra forma de se chegar à perda de carga é através da equação da quantidade de movimento, que permite relacionar forças de atrito com a perda de energia. Considerando a força de cisalhamento (τ), temos:
HF₁₂ = (τ · Δx) / (γ · Rₕ)
Onde:
τ é a tensão de cisalhamento (difícil de determinar diretamente),
Δx é o comprimento do trecho analisado,
γ é o peso específico do fluido,
Rₕ é o raio hidráulico.
O raio hidráulico (Rₕ), por sua vez, é dado por:
Rₕ = A / Pₘ
Sendo A a área da seção transversal e Pₘ o perímetro molhado.
Como a tensão de cisalhamento τ não é facilmente determinada, essa equação, embora teoricamente válida, não é prática para aplicação direta em projetos. O mesmo vale para expressões baseadas unicamente na equação da energia — são limitadas a análises de sistemas já em funcionamento.
Dessa forma, compreendemos que a perda de carga distribuída:
É proporcional ao comprimento do trecho analisado.
É inversamente proporcional ao raio hidráulico: quanto maior o diâmetro do conduto, menor a perda.
Aumenta com a rugosidade da parede do conduto.
Não é trivialmente calculável apenas por expressões teóricas – é necessário recorrer a dados experimentais e métodos consagrados como o diagrama de Moody-Rouse, que veremos nas próximas aulas.
O entendimento desses fundamentos é essencial para aplicar corretamente as equações nas situações reais de engenharia, especialmente na projeção de sistemas hidráulicos, onde estimativas precisas de perda de carga são cruciais para o dimensionamento de bombas, tubulações e acessórios.
Conheça o Professor


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Engenheiro Mecânico pela UNIFEI - Universidade Federal de Itajubá
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Mestre em Tecnologia Nuclear pelo IPEN- USP (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da Universidade de São Paulo)
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Especialialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Uniderp, e também cursou
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MBA em Executivo em Marketing pela FGV - Fundação Getúlio Vargas.
Mais de 20 anos de carreira, sendo 16 anos envolvido na área de bombas e equipamentos industriais atuando com engenheiros de vendas e aplicação e também instrutor técnico, ministrando treinamentos diversos.
Como professor já passou de 25 anos de experiência, incluindo a atuação como professor universitário por 5 anos em uma faculdade de Engenharia Mecânica na cidade de São Paulo.
Criou o canal Engenhria e Cia em 2016 e desde então vem compartilhando conteúdo técnico na área de engenharia, tanto do ponto de vista conceitual, com prático, hoje com quase 50.000 inscritos
2018 foi lançado o primeiro curso online, dando inicio a trajetória da Engenharia e Cia: Cursos e Treinamentos com seus cursos e treinamentos online e já atingiu a marca de 1200 alunos em seus cursos e treinamentos online.
Em 2022 teve início o atendimento corporativo pela Engenharia e Cia, tendo realizado dezenas de treinamentos com centenas de profissionais treinados.
Hoje, possui parceria com empresas do ramo de bombas e selos mecânico, como a OMEL, a Vallair e a Embraseal para ministrar treinamentos para seus funcionários e clientes.